ALPINÓPOLIS, (27), segunda feira a Câmara Municipal de Alpinópolis votou e aprovou o projeto proposto pelo historiador Juliano Pereira de Souza, que nomeia nome de ruas a personalidades históricas do município.

O projeto intitulado “Resgatando Nosso Povo” foi apresentado aos vereadores em 1º de fevereiro de 2022 pelo historiador. O projeto foi baseado em pesquisas históricas realizadas desde o ano 2008, sendo o fruto dessas pesquisas a publicação do livro: “A História de Alpinópolis – Caminhando pela História – Um Passeio pelas Ruas” lançado no ano de 2021, que remonta com detalhes a história da cidade através de seus logradouros e prédios públicos.

O Projeto de Lei de nº 04/2023 – dispõe sobre nomeação de logradouros públicos no Bairro Centro, Loteamento Valei do Sol e Padre Figueiredo foi colocado em votação nesta segunda feira na sessão ordinária da Câmara e aprovada por unanimidade pela casa legislativa.

O Historiador Juliano Pereira de Souza subiu até a tribuna e relatou um pouco da vida dos agraciados proferindo uma aula de história aos vereadores e ao público presente e assim justificando a importância da aprovação para manter a história da cidade.

Foram propostos 23 nomes, os quais tiveram seus históricos pesquisados e detalhados. Sendo estudado e apresentado no projeto de cada personalidade sua genealogia, sua história de vida e seus feitos para o bem da comunidade alpinopolense e regional.

Um dos agraciados foi o Capitão Januário Garcia Leal, “O Sete Orelhas”, personagem que nos anos de 1802 a 1807 percorreu as províncias de Minas Gerais, Goiás, São Paulo em busca de justiça pela morte de seu irmão que fora barbaramente assassinado por 7 irmãos na cidade de São Bento Abade/MG. A lei escolhida foi a de talião “morte aos matadores” o justiceiro depois de encontrar os irmãos um a um cortava as orelha e as salgava pendurando em um colar, após concluída sua vingança voltou ao local do assassinato e dependurou o colar. Januário foi o 2º proprietário da Fazenda da Ventania adquirindo as terras nos fins de 1799 e em 1805, entregou a fazenda aos primos Alferes José Justiniano dos Reis e Ana Teodora de Figueiredo, “Dona Indá”, que fizeram doação do patrimônio a São Sebastião, surgindo assim o Arraial.

Outro agraciado e homenageado foi Pedro Gomes de Santana assassinado em 1885, na ocasião era delegado e devido a problemas de herança morto no interior de sua residência pelos sobrinhos, que foram a julgamentos no ano de 1890 e 1891, porém foram inocentados.

Seguindo a lista está entre os agraciados João Guilherme Rick, alemão que trouxe a energia elétrica a Ventania no ano de 1915. Professor Paulo Garabini, italiano que trouxe a ideia dos alpes europeus e assim as autoridades admiradas mudaram o nome de Ventania para Alpinópolis, que significa cidade alta. Coronel João Cândido de Souza, idealizador da construção do Coreto da Praça Osvaldo Américo dos Reis e presidente da comissão da construção da nova Matriz e junto com Major Francisco Pio Brasileiro eram líderes políticos do final do século XIX, Bispo Gerardo Ferreira Lopes, Padre Orlando Vilela de Oliveira líderes religiosos que participaram ativamente da emancipação política administrativa, além de atuarem da área da literatura, Irmã Laura Ribeiro de Paula religiosa que dedicou sua vida a caridade; José Gonçalves Freire, “Zé do Nelson”, exemplo de caridade, idealizador da “Voz da Mocidade”, programa de alto falante da década de 50 que funcionava no Coreto da Praça e um dos fundadores da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Alpinópolis, o engenheiro José Ferreira Lopes, “Zezito” responsável por elaborar a primeira planta cadastral de munícipio, bem como participou ativamente entre os anos de 1953 a 2001 de importantes obras do estado e da cidade de São Paulo. 

A classe dos educadores também foi lembrada como o caso da Professora Mariana Cândida Ferreira Lopes, nascida em 1845 em Alfenas, irmã do Monsenhor João Pedro Ferreira Lopes, ela foi a primeira do sexo feminino do arraial e substituiu no ano de 1885 o Professor Telles, que havia se aposentado. Outra educadora foi Dona Belmira de Oliveira Carvalho, nascida em 1880 a qual era catequista e cedeu uma sala em sua residência para funcionar a “Casa de Instrução”, que mais tarde se tornaria a E.M. Cônego Vicente Bianchi.

Figuras marcantes também foram lembradas como é o caso de Dona Leopoldina Cândida de Jesus, “Sinhá Liupurdina” nascida em 1880, proprietária de uma venda na saída de Carmo do Rio Claro nos anos de 1930 e cobradora do famoso “pedágio do toco”. Maria Inocência Vilela, “Cota do Vigilato”, costureira que residiu próximo a Igreja presbiteriana e muito lembrada pelo saudoso Omar Cabral Krauss em seus livros, José Gonçalves de Lima, dramaturgo, escritor o qual dedicou sua vida a arte, Pio Sena Campos, “Pio Retratista”, um dos primeiros fotógrafos do município das famosos fotos 3x4, Antônio Florivaldo Freire, um empresário a frente de seu tempo além de contribuir imensamente com obras como o parque de Exposição e a igreja Santa Efigênia, colocando à disposição maquinários e funcionários para a construção além de ser o primeiro a estruturar um posto de gasolina moderno. Sargento Farid Rachid nascido em 1919, também foi lembrado pelo serviços realizados frente a segurança pública e as dificuldades enfrentados por ele durante sua vida pessoal e profissional. Floriano Marciense dos Reis, agricultor que residia em São José da Barra e se mudou para Alpinópolis na década de 50 e onde deixou enorme descendência dentre eles Osvaldo Amâncio dos Reis, “Macena”, cunho loteamento do Sol é fruto de seu empreendedorismo. 

As pessoas portadoras de deficiência tiveram seu representante Pio da Silveira Faria “Pio do Lino”, Pio nasceu em Alpinópolis teve uma infância e juventude normal, porém devido a um acidente deixa-lo paraplégico. Pio sempre foi uma inspiração ao povo pois tinha uma alegria inquestionável, mesmo diante das dificuldade e sempre era visto andando pela cidade em sua cadeira de rodas. 

Um nome também lembrado é de Jorge Abdo Salum, “Jorginho” que foi assassinado em 5 de março de 1950 devido a relacionamento amoroso que não era de aprovação dos pais da noiva. A sogra na ocasião planejou o assassinato e induziu os filhos a executar o plano. Os algozes foram presos e levados a julgamento na cidade de Passos, porém a pena foi muito pequena e logo foram postos em liberdade. Dessa trágica história surgiu uma poesia “A Morte do Jorginho”, de Fiico Alvim e uma música sertaneja gravada por Moreno e Moreninho em 1983.

Uma questão resolvida também foi a denominação da Rua do Centro da Praça da Matriz, que anteriormente era um calçadão que ligava a igreja a praça. O nome proposto foi Rua da Matriz, que foi a primeira denominação recebida no ano de 1933, que já era usada deste os primórdios do Arraial, “Largo da Matriz” no ano de 1806. Somente em 1933 quando Alpinópolis ainda pertencia a Nova Resende, foi confeccionado as primeiras placas com o nome das ruas a pedido do prefeito interventor José Surette. 

A Casa Legislativa recebeu a presença de vários familiares dos homenageados que ficaram extremamente felizes com a nomeação dos nomes, dentre eles o ex prefeito Cassiano José Lemos, neto do coronel João Cândido de Souza. A sessão foi transmitida pelo canal do oficial do You Tube e pode ser acompanhada ao vivo por todo o Brasil.

O Historiador

Juliano Pereira de Souza, de 38 anos, é natural e Alpinópolis/MG, casado, pai de três filhos, atualmente é Sargento da Polícia Militar de Minas Gerais, porém se dedica nos tempos vagos a ocupação de historiador, pesquisador, genealogista. 

Na sessão ordinária, após a aprovação os vereadores enalteceram o trabalho que vem sendo feito pelo historiador e presidente  Denílson de Lima da Câmara propôs uma moção de aplausos ao mesmo, devido a seu empenho em desvendar e registrar a história da cidade.

“Esse projeto como conversei com os vereadores não tem cunho político, mas sim histórico impetrar um nome de Rua, não pode ser visto como agrado político, mas um trabalho sério e de muita responsabilidade. Essa casa legislativa desde o início dos trabalhos de sua gestão demonstrou em atitudes esse objetivo votando com consciência todos os pedidos trazidos por mim”. Elogiou Juliano Pereira de Souza.

Apesar da sugestão do historiador, o projeto deve ser elaborado pela Casa Legislativa, sendo o projeto de autoria dos vereadores: Denilson de Lima, André Leonel, Cleusa Freire, Sebastião Neto e Benedito Nicésio.

Porém o projeto passou pela comissão antes de ir a votação e foi aprovado por todos os vereadores: Maísa, Joice Santos, Alex Cavalcanti, Joaquim da Silveira bem como os autores já citados.

A projeto agora aprovado passa para o Poder Executivo, ou seja, para o prefeito e após sua assinatura passa a ser Lei Municipal.