Por falta de recursos, Santa Casa de Piumhi fecha leitos de UTI: ‘Vai morrer gente’, diz provedor da unidade
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Publicado em 19/08/2022
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“Vai morrer gente”, disse em tom de desgosto e preocupação, o provedor da Santa Casa de Piumhi na última quinta-feira (18), sobre o fechamento da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por falta de verba pública. A reportagem solicitou posicionamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) sobre o assunto e aguarda retorno.
Segundo José Soares, a unidade tem hoje um déficit mensal de mais de R$ 500 mil. Sem condições de manter o núcleo aberto, apenas os cinco internados no local serão atendidos até que recebam alta. A unidade não vai admitir novos pacientes.
A situação da Santa Casa hoje é a semelhante à de 2017, quando o setor também foi fechado por falta de verba. No entanto, na época a crise foi revertida em três meses, mediante ações internas e repasses de emendas parlamentares. Desta vez, não há previsão de mudança no cenário.
“O que diferencia é que em 2017 é que recebíamos emendas parlamentares e este ano não conseguimos, não temos emendas, o que torna a situação mais difícil sem ter para onde recorrer. No entanto, vamos tentar meios legais e lutar de todas as formas possíveis para reverter essa situação”, disse o diretor executivo adjunto, Wilson Goulart.
Segundo o provedor José Soares, o contrato firmado com a Santa Casa há mais de 15 anos era para que a unidade atendesse cerca de 230 pessoas por mês. Os anos se passaram e a unidade atende hoje mais de 700, o que torna o repasse do Estado irrisório, como ele explica.
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, mas isso não está sendo cumprido. É um absurdo o que estamos vivendo por anos, sem nenhum reajuste, sem repasses e o pior, com dívidas”, disse o provedor José Soares.
Ainda segundo José, a Santa Casa conta hoje com 100 leitos no total. O atendimento é prestado a uma população de 100 mil pessoas que são dos munícipios de Piumhi, Capitólio, São Roque de Minas, Vargem Bonita, Doresópolis, Pimenta e Guapé. Com o fechamento da UTI os pacientes que necessitarem de atendimento intensivo deverão ser referenciados para Passos, no Sul de Minas, que fica a mais de 100 quilômetros da região.
“Vai morrer gente. O fechamento da UTI é só o começo. Vários outros setores correm risco “, lamentou José Soares.